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Reflexão - Cerimônia de Posse de Trump a Melhor Representação do “Dataísmo”
Data: 20/03/2025 | 0 ComentárioO Centro Universitário Bauruense – UNIESB apresenta uma análise do aluno Jonas Gabriel Caride, do 5° termo do Curso de Direito, que aborda a relação entre o “dataísmo”, a posse de Donald Trump e o impacto da Big Techs na democracia.
Segundo Byung-Chul Han, filósofo que explora o conceito em sua obra Infocracia, o dataísmo é um regime em que os dados dominam a subjetividade humana. Han argumenta que essa forma de poder, que utiliza estímulos positivos em vez de coerção direta, não é compatível com a democracia, pois explora a liberdade para ampliar seu controle.
A posse de Donald Trump como Presidente dos Estados Unidos foi marcada por uma presença significativa: os CEOs das maiores empresas de tecnologia do mundo (conhecido como Big Techs), incluindo Jeff Bezos (Amazon), Elon Musk (Tesla, SpaceX e X), Mark Zuckerberg (Meta), Sundar Pichai (Google), Tim Cook (Apple), Shou Zi Chew (TikTok) e Sam Altman (OpenAI). Elon Musk se destacou por seu forte apoio à campanha de Trump e sua influência direta no governo, através do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), cujo nome faz referência à criptomoeda Dogecoin, amplamente promovida por Musk.
A presença dessas figuras simboliza uma nova era de poder informacional, quem que o controle de dados se torna essencial para a manutenção do poder político. Han reforça essa ideia ao afirmar que “soberano é quem dispõe das informações em rede”. Esse cenário levanta preocupações sobre a concentração de poder em poucas mãos, especialmente quando alinhado a políticas autoritárias e antidemocráticas.
Empresas como Meta, OpenAI e X detêm um monopólio global da informação, o que lhes confere um poder sem precedentes para influenciar sociedades inteiras. Essa concentração, aliada às posturas extremistas e antimigratórias de Trump, ameaça os princípios democráticos. A análise do aluno traça um paralelo com a obra “1984”, de George Orwell, em que o governo controla a verdade através da manipulação dos fatos – aquilo que, hoje, pode ser visto na flexibilização da checagem das informações e na disseminação de narrativas falsas pelas plataformas digitais.
Outro ponto central abordado no texto é o paradoxo da tolerância, desenvolvido pelo filósofo Karl Popper. Segundo esse princípio, para preservar uma sociedade democrática, é necessário não tolerar os intolerantes. No entanto, as falácias propagadas pelas Big Techs e pelas lideranças populistas extremistas se aproveitam do discurso de liberdade de expressão para disseminar ódio e enfraquecer as instituições democráticas.
O texto conclui alertando para os riscos do dataísmo: a dominação informacional e a manipulação digital estão moldando uma nova forma de poder, que desafia a atuação dos órgãos de controle e a preservação dos valores democráticos. Nesse cenário, a tarefa de proteger a Constituição e a Democracia recai, de forma delicada e fundamental, sobre instituições como o Supremo Tribunal Federal
Para Jonas Gabriel Caride, a mensagem é clara: em uma sociedade democrática, o intolerante não deve ser tolerado.
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