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O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO & A CULTURA DOS MANUAIS

Data: 06/03/2024 | 0 Comentário


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Prof. MCs. Paulo Henrique Ansaldi

Temos acompanhado nesses poucos anos que se foram, mudanças culturais de toda a natureza e em velocidade jamais imaginada. Aquilo que ontem foi novidade, hoje já é obsoleto. A informação que tornava homens poderosos, hoje já não vale mais nada. Vivemos na tal sociedade da informação, da tecnologia, da rapidez, e da superficialidade.

Revistas eletrônicas proliferam, tornando a informação mais dinâmica e agradável aos sentidos das novas gerações, mas também menos densa e formativa. De alguma maneira, nossos jovens já não precisam do modelo cultural que nos serviu, e, talvez por isso, os paradigmas educacionais sejam tão enfadonhos a eles.

Estamos diante de uma geração que é produto de horas à frente de televisores, computadores, celulares. Certamente eles não precisam de manuais de funcionamento para operar estas máquinas. Isto já está fluidificado na consciência coletiva da juventude. Duvido que quem lê agora este artigo já tenha visto um garoto ou uma garota lendo um manual de celular para que possa tirar uma foto com ele, criar uma agenda de telefones, conectar-se à internet, acessar contas bancárias, baixar músicas em MP3, usa-lo como calculadora e até, pasme você, fazer com ele ligações ou mesmo receber uma!

Entretanto nós insistimos em achar que eles devem ler manuais. Devem se apropriar do conhecimento e pensar da mesma maneira que nós. Devem viver segundo os nossos modelos, mesmo que nós não tenhamos convivido desde nossos primeiros instantes de vida com uma televisão colorida em nossa sala, ou com um computador capaz de nos dar em tempo real, notícias de onde quer que seja, e quero dizer que a mim, isso parece fazer toda a diferença. Para nós, o computador chegou aos poucos, substituindo a princípio nossa velha Olivetti, e depois nos mostrando suas potencialidades, vantagens e até suas desvantagens. Para nossos filhos, não, ele sempre existiu. Aos nossos netos, o celular virou seu companheiro desde a tenra infância. Veja que é outra concepção. Para eles, é só um computador / celular, não tem os significados e signos que a nós ele representa.

Lembro-me de ajudar meu pai em todo final de ano a escrever os cartões de natal que ele despachava à parentada. Gastava para isso dias escrevendo, envelopando, selando, até finalmente postá-los no correio. Quando vejo minha filha a despejar dezenas de cartões virtuais pela internet em segundos, fico me perguntando o que ela fará com o tempo ganho se comparado com o tempo gasto por meu pai. Acontece que tanta tecnologia deveria garantir a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Elas deveriam ter mais tempo para o lazer ou para fazerem aquilo de que gostam, já que tanto tempo é economizado em suas atividades com o uso das novas tecnologias. No entanto, tanta modernidade só faz sufocar-lhes ainda mais em suas obrigações diárias. O tempo que ganham fazendo uso de tanta modernidade, usam para trabalhar mais, contribuindo para a produção de novas tecnologias, recomeçando o ciclo.




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